terça-feira, 20 de novembro de 2007

Treinamento

O Judô se utiliza de diferentes métodos na preparação de seus atletas. Podem-se separar os métodos em dois grupos: gerais e específicos.



Métodos gerais:

Há o treinamento com pesos, corridas, Power Training, Treinamento em Circuito, Treinamento Hipóxico, Treinamento Intervalado, Treinamento em Altitude, elementos de Ginástica Artística, jogos de combate (Sumô, luta livre, com boneco kukla e etc.). Esses métodos foram emprestados de outras modalidades esportivas e seu grau de transferência pode ser questionado pois a cadeia cinética (cadeia de movimentos) envolvida não é a mesma. Entretanto a especialização gera assimetrias musculares (SILVA, 1989), desvios posturais (SANTOS, 1993). Esses desequilíbrios musculares entre os músculos agonistas e antagonistas - estes fazem oposição aos movimentos mais executados na luta, geram lesões (CASTROPIL, 1999). Portanto os métodos gerais possuem vantagens profiláticas na prevenção desses tipos de problema.

Métodos específicos:


Há o Shiai, Randori, Nague-komi (ou nague-ai), Yaku-soku-gueiko, Uchi-komi, Renraku-renka-waza-renshu, Kakari-gueiko, Kaeshi-waza-renshu, Tendoku-renshu, Kata. Hoje em dia existe uma forte tendência a se adotarem principalmente os movimentos da luta na preparação dos atletas, tornando o treinamento cada vez mais específico.


Tipo de treino

1. Shiai
(Administração da luta pela pontuação e o tempo)

2. Randori
(Impor sua forma de luta e defender-se da do outro)

3. Yaku-soku-gueiko
(Preparação e timing em movimento)

4. Nague-komi
(Puxada, entrada e projeção parado, em movimento ou alternadamente com o parceiro)

5. Uchi-komi
(Puxada e entrada parado, em movimento ou alternadamente com o parceiro)

6. Renraku-renka-waza-renshu
(Combinação de ataques)

7. Kakari-gueiko
(Antecipação do ataque e esquiva)

8. Kaeshi-waza-renshu
(Contragolpe)

9. Tendoku-renshu
(Percepção e velocidade de movimento)


TREINAMENTO DAS QUALIDADES FÍSICAS

Antigos estudos alemães, feitos com a estimulação elétrica de músculos de animais recém-mortos, provaram que:

1. Quanto maior for a intensidade do estímulo maior será a sua força de contração.

2. Quanto mais rápida for a freqüência dos estímulos mais rápida será a contração.

3. Conforme se prolonga o estímulo, a velocidade de contração e a força diminuem formando uma curva hiperbólica.


Trabalhos subseqüentes provaram que o mesmo ocorre com o esforço físico durante o exercício. Tal pode ser observado durante os treinamentos de Judô. Quando se tenta manter um trabalho de força ou de velocidade de forma contínua ou intervalada por um período mais prolongado há uma queda no desempenho. Notadamente a força e a velocidade de execução caem por causas fisiológicas. As fontes de energia que formam a molécula de ATP (Adenosina-Tri-Fosfato) ou são depletadas, como no caso da Creatina-Fosfato (CP), ou são quebradas de forma incompleta, como no caso do açúcar (glicose), produzindo acidose e intoxicando o músculo. Portanto o trabalho de força ou de velocidade quando prolongados começam a se transformar em trabalho de resistência.


Aspectos interessantes:

  • Quando o trabalho de força se prolonga, a capacidade de desempenho máximo diminui e se começa a trabalhar a resistência de força.
  • Quando o trabalho de velocidade se prolonga, a capacidade de desempenho máximo diminui e se começa a trabalhar a resistência de velocidade.
  • Quando o trabalho de força precisa ser desenvolvido em velocidade, a sua magnitude diminui e se começa a trabalhar a força rápida, ou, como também são chamadas, a potência ou explosão.

Como já foi dito anteriormente, a potência é que caracteriza o ippon em projeções e isso pode até mesmo ser observado nas regras de arbitragem, pois se faltar essa característica será pontuado um Waza-ari. Entretanto os judocas explodem várias vezes durante a luta e precisam se recuperar satisfatoriamente para continuarem a manter um bom desempenho. Portanto se faz necessário também um trabalho intervalado de potência que permita o judoca manter o ritmo de ataque e defesa sem entrar em fadiga durante todo o tempo de luta e também se recuperar para o próximo combate. Cabe agora falar dos parâmetros que balizam o trabalho de força, velocidade e de resistência e da aplicação desses trabalhos de forma geral e específica no Judô.


Para se trabalhar a força, velocidade ou resistência, bastará alterar os parâmetros abaixo:

Aspectos do exercício:

Intensidade (kg, % do máximo)
Duração (repetições, séries, tempo)
Freqüência (treinos/dia ou treino/semana)
Tipo do exercício (complexidade, variação...)
Aspectos do intervalo Intervalo pp. dito (entre exercícios)
Repouso (day after - de um dia para o outro)


(Mauro Gurgel - Caderno técnico da FPJ sobre Métodos de Preparação Física)


Para mais informações sobre Treinamentos de Judô a Longo Prazo visite:

http://www.judobrasil.com.br/2000/mataruna1.htm

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